Exemplo de vida
Edson Graeff Borges, 44, é um para-atleta cascavelense. Morador de Cascavel desde 1968, Edson começou sua trajetória no esporte em 2006, por motivos de saúde: “Estava com a pressão e o colesterol alto”, dois anos após sofrer um acidente de trabalho que fraturou sua perna e danificou seus tendões, reduzindo sua mobilidade na perna esquerda afetando posteriormente sua coluna. O acidente ocorreu, por ironia do destino, quando Edson trabalhava como técnico de segurança do trabalho.
Casado e pai de duas filhas, o atleta orientado pelo treinador Victor Emanuel Abrozino, em apenas cinco anos é tricampeão brasileiro de arremesso de peso, sendo detentor dos recordes nacional e sul-americano no lançamento de disco, e nacional, sul-americano e pan-americano no arremesso de peso, na classe F42, destinado a amputados. Mas, como nem tudo são flores, no último campeonato que Edson participou, foi considerado inelegível por falta de acompanhamento médico: “Eles queriam que eu passasse para a classe F58, para competir sentado, só que eu só tenho marca na classe F42 e F44 e na F58 eu não tenho marca nenhuma. Seria começar do zero’’. Por esse motivo Graeff começou a treinar halterofilismo, recomeçando sua trajetória como atleta. Mesmo assim, Edson acredita que esses cinco anos não foram perdidos: “Valeu sim porque me fortaleceu. Eu fiquei muito forte fisicamente. Até falei pro Victor que na verdade, com o treinamento que fiz eu melhorei muito, até a deficiência ajudou bastante, o ‘nível’ dela diminuiu”.
Apesar de a prefeitura apoiar os para-atletas em algumas custas, Edson acredita que ainda falta mais: “Poderiam fazer um projeto e destinar uma verba especifica pra isso, porque o esporte de alto rendimento para deficiente é muito caro, ele é muito difícil de fazer, tanto que faz cinco anos que tenho gastado, invisto para tentar ficar no esporte”. Por esse motivo, Edson juntamente com outros nove para-atletas de alto rendimento da cidade montaram a APAC (Associação dos para-atletas de Cascavel), com o objetivo de possuir uma instituição específica para o incentivo ao esporte paraolímpico de Cascavel, unindo forças em prol da causa, para quem sabe um dia os para-atletas profissionais da cidade possam se sustentar com o esporte.
Edson faz questão de deixar claro que a ajuda solicitada as entidades públicas não deve ser vista como filantropia: “Nós não queremos fazer caridade. ‘Coitadinho’ do cara, é porque ele é ‘ceguinho’ ou ‘manquinho’, ou por não pensar direito porque tem deficiência intelectual. Não é por causa disso, é porque ele está dando resultado no esporte paraolímpico’’. Já para os deficientes que pretende seguir ou começar a carreira de para-atleta, Graeff deixa uma mensagem: “Eu acredito que toda pessoa, não importa a deficiência que ela tenha, intelectual, física, ela pode superar e começar de novo. Essa é a mensagem que deixo. Dentro do movimento paraolímpico é se supere. Vencer e ser derrotado fazem parte da luta.”
Pedro Sarolli
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