ONG Contas Abertas revela que partidos já receberam R$ 204,9 milhões do Fundo Partidário
O Brasil tem atualmente
27 partidos políticos com o cadastro atualizado no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e aptos a receberem quotas do Fundo Partidário (o PSD ainda não se encaixa neste levantamento). Os
partidos já foram agraciados com R$ 204,9 milhões este ano. As verbas,
que para 2011 somam R$ 301,5 milhões no total, são distribuídas entre as
siglas de acordo com a votação que elas receberam na última eleição
para Deputado Federal. Assim, os puxadores de votos ganham importância
porque, além de elegerem outros candidatos através do coeficiente
eleitoral, permitem mais verbas para o partido durante os próximos
quatro anos.
Veja aqui quanto cada partido recebeu
Diante
das contas das maiores agremiações políticas do país, o dinheiro do
fundo pode não parecer tão importante. Veja o caso do Partido dos
Trabalhadores (PT), dono da maior bancada na Câmara dos Deputados e que
recebeu o maior número de votos para deputados no Brasil. Segundo
balanço apresentado ao TSE anualmente, o total da arrecadação do PT em
2010 foi de R$ 212,4 milhões. Desse montante, R$ 28,3 milhões
correspondem a verbas do Fundo Partidário, ou seja, cerca de 13,3%.
Atualmente, o PT recebe
11% do total das verbas do Fundo. Até o dia 17 de Setembro, isso
totalizava R$ 33,7 milhões. Apesar da soma ser maior do que o recebido
durante todo o ano de 2010, a participação relativa do PT diminuiu. Em
2010, o partido recebia mais de 14% do total. O valor total cresceu
porque o Fundo também cresceu, já que ele não chegava a R$ 200,0 milhões
em 2010.
Quem conhece o outro lado
da moeda é o Partido Republicano Progressista (PRP). Em 2010, eles
receberam R$ 856,44 mil do Fundo. A arrecadação total do partido no ano
foi de R$ 1,1 milhão. Cerca de 80,1% do orçamento do partido corresponde
à verbas públicas. Com o maior número de votos recebidos na última
eleição (a sigla elegeu dois deputados em 2010, contra nenhum em 2006), o
repasse também cresceu. Até o último dia 17, o PRP já recebeu mais de
R$ 1 milhão, quase a totalidade das receitas do partido em 2010.
Como o critério levado em
conta para decidir quanto cada sigla ganha é o total de votos
recebidos, incluindo os recebidos para candidatos não eleitos, e não o
tamanho da bancada na Câmara dos Deputados, o valor devido a cada
agremiação gera algumas confusões. O Partido Trabalhista do Brasil (PT
do B) sabe bem disso.
Em 2010, o PT do B
emplacou três candidatos, mais do que o PRP, citado acima, que elegeu
apenas dois candidatos. Mas quando o assunto é a verba do Fundo
Partidário, o partido tem direito a aproximadamente 0,15% da dotação,
ante os 0,33% que cabe ao PRP. A diferença é significativa. O PT do B
ficou com “apenas” R$ 446,88 mil, cerca de R$ 500 mil a menos do que o
PRP.
Para o ano que vem, o
Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) enviado ao Congresso Nacional
prevê uma verba de R$ 224,74 milhões para o Fundo. Essa quantia deve
aumentar, visto que na Ploa de 2011, o montante reservado para essa
unidade orçamentária era de R$ 201 milhões, mas durante o rito de
montagem da Lei Orçamentária Anual, ela aumentou em R$ 100 milhões.
Fundo Partidário
Também conhecido como
Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, a verba
é
administrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e se destina à
manutenção dos partidos políticos. A maior parte dos recursos provém do
Orçamento da União, porém o Fundo também é constituído pelas multas e
penalidades eleitorais, recursos financeiros legais, doações espontâneas
privadas, dotações orçamentárias públicas.
Para o cientista político
da Universidade de Brasília (UnB), Octaciano Nogueira, o Fundo
Partidário é importantíssimo porque dá autonomia aos partidos, torna-os
independentes de outras formas de financiamento. Contudo, perdeu tal
aspecto, apesar do dinheiro empregado para este fim ser mais do que
suficiente
“Lamentavelmente, hoje em
dia o objetivo principal perdeu significância. Além do Fundo
Partidário, os partido buscam outras formas de contribuição. O mais
importante intuito não está sendo cumprido. Ou o Fundo é suficiente e os
partido não precisam de outras formas de financiamento, ou ele não tem
relevância. É uma contradição entre o objetivo e a sua efetividade”,
afirma.
Nogueira acredita que a
maneira como o Fundo é distribuído é absolutamente correta. “Os partidos
que recebem o maior número de votos possuem representação mais
relevante e, evidentemente, merecem uma contribuição maior. Aqueles que
não têm expressão eleitoral, parlamentar, política, devem receber menos.
O valor disponibilizados às siglas é mais do que suficiente”.
Fonte: Contas Abertas (www.contasabertas.uol.com.br)
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